Sexta-feira | 18 de Maio | “A Errância de Caim”

SEXTA, 18 DE MAIO
20H30
Representação de
“A Errância de Caim”
Versão para teatro de Caim de José Saramago
(Elinga-Teatro / Luanda)
A peça dá conta do que terá eventualmente acontecido a Caim, depois de condenado por Deus a andar errante pelo mundo, como castigo por ter assassinado o seu irmão Abel.   Como a Bíblia é omissa a esse respeito, Saramago põe Caim a deambular não só pelo espaço, mas também pelo tempo, o que lhe permite ser testemunha de todos os principais episódios relatados no Velho Testamento.  
Caim vai estar assim presente no sacrifício de Isaac, na construção da Torre de Babel e da Arca de Noé, na destruição de Sodoma e Gomorra, no encontro de Moisés com Deus no Monte Sinai, no flagelo de Job, etc.  
Em todas essas ocasiões, ele questiona a intervenção divina, estabelecendo a comparação com o seu próprio crime. Ele não compreende, por exemplo, que Deus não poupe as crianças inocentes em Sodoma, que obrigue um pai a sacrificar um filho único ou que atormente Job, apenas para testar a sua fidelidade e devoção.  
As perguntas que Caim faz a Deus são, pois, feitas em nome da Humanidade e no final, ele adopta uma atitude extrema, considerando que “a história dos homens tem sido sempre a história dos seus desentendimentos com Deus. Nem Ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a Ele”
FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA 
Encenação, adaptação e cenografia: José Mena Abrantes
Elenco: Virgílio Capomba, Adorado Mara, Cláudia Púkuta, Nelson Odalisca, Yarú Cândido, Honório dos Santos, Correia Pelinganga, Cláudia Nobre, Madaleno Fonseca, Mayer Muhumbi, Cesaltina Santos, Júlia Capemba, Nareth Dala e Bernardeth, O Toke É Esse.
Figurino: Nuno Guimarães
Iluminação: Nuno Nobre
Vídeo: Anacleta Pereira
O AUTOR
JOSÉ DE SOUSA SARAMAGO nasceu em Portugal, a 18 de Novembro de 1922 e morreu a 18 de Junho de 2010, em Las Palmas, nas Canárias. Escritor, argumentista, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista e romancista, foi galardoado em 1998 com o Prémio Nobel da Literatura e em 1995 com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário de língua portuguesa.
Saramago publicou o seu primeiro livro, um romance (Terra do Pecado), em 1947, tendo estado depois sem publicar até 1947. Em 1991, depois de uma obra sua (O Evangelho segundo Jesus Cristo) ter causado acesa polémica e ter sido vetada pelo governo português para concorrer ao Prémio Europeu da Literatura, Saramago decidiu abandonar Portugal e passou a residir na ilha de Lanzarote (Canárias).
Da sua vasta bibliografia destacam-se os livros “O ano de 1993 (poesia), Memorial do Convento, A Jangada de Pedra, Levantado do Chão Ensaio sobre a Cegueira(adaptado para o Cinema), Deste Mundo e do Outro (ensaio), Que farei com este Livro (teatro) e o Caderno de Saramago (diários). 
O ENCENADOR
JOSÉ MENA ABRANTES, natural de Malanje (1945) e licenciado em Filologia Germânica em Lisboa (1969).  Jornalista, escritor, dramaturgo, produtor e encenador de teatro. Dirige, desde a sua criação, em 1988, o grupo Elinga-Teatro.
Publicou doze peças de teatro; três livros de ficção; três de poesia; vários estudos sobre o cinema e o teatro em Angola  e recebeu em 1996, 1990 e 1994 o Prémio Sonangol de Literatura. Foi vencedor do 1º Prémio ‘ex-aequo’ de poesia da Associação Chá de Caxinde e do 2º lugar do Prémio PALOP’99 do Livro em Língua Portuguesa (2000). 
Recebeu em 2006 o Diploma de Mérito do Ministério da Cultura de Angola pela sua “significativa contribuição ao desenvolvimento da dramaturgia em Angola”.
 O GRUPO
O Elinga-Teatro (do umbundo ‘elinga’, que significa acção, iniciativa, exercício) foi criado no dia 21 de Maio de 1988. A sua existência inscreve-se, no entanto, numa linha de continuidade iniciada com o grupo Tchinganje (1975/76) e prosseguida com o Xilenga-Teatro (1977/80) e o Grupo de Teatro da Faculdade de Medicina de Luanda (1984/87).  
De comum entre todos, a presença do mesmo director artístico, a activa participação de um núcleo de actores que, sempre que necessário, se desdobraram em técnicos, administradores e produtores e, acima de tudo, um mesmo projecto de teatro, voltado para o resgate e promoção da cultura angolana a todos os níveis, incluindo um tratamento moderno dos seus valores tradicionais, e para a difusão de um repertório teatral universal.  
Em vinte e quatros anos de existência, o Elinga -Teatro apresentou ao público 39 peças, 22 das quais de autores nacionais, e esteve presente em oito países (Angola, Moçambique, S. Tomé, Cabo Verde, Portugal, Espanha, Itália, Brasil) de três continentes (África, Europa, América).
Por ocasião da celebração do seu vigésimo aniversário, em Maio de 2008, o Elinga realizou o I Festival Internacional de Teatro de Luanda, com a presença de cerca de uma dezena de grupos nacionais e ainda de dois grupos de Moçambique, dois de Portugal e um de Cabo Verde.  
Toda esta actividade teve o seu reconhecimento formal por parte das autoridades culturais do país, que concederam ao Elinga o Prémio Nacional de Cultura e Artes 2008, na categoria de Teatro, em Novembro de 2008.

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